A psicanálise, técnica desenvolvida por
Freud e posteriormente ampliada por Lacan, visa curar os males emocionais por
meio da fala.
A palavra já havia sido altamente reverenciada pela Bíblia quando se
afirma que do verbo se fez a carne.
Para os espíritas não devemos verbalizar pensamentos maldosos e sabemos o quanto uma palavra
cruel na hora errada pode ferir mortalmente uma pessoa, destruir uma amizade,
roubar a magia de um amor e criar um buraco na alma.
A psicanálise, técnica desenvolvida por Freud
e posteriormente ampliada por Lacan, visa curar os males emocionais por meio da
fala.
Como diria John Keaton, professor do
filme Sociedade dos poetas mortos, palavras podem mudar o mundo sim. Se as
palavras não fossem tão poderosas, os livros não seriam tão importantes.
No filme Fahrenheit 451, de François
Truffaut, por meio de uma distopia, fala-se sobre o poder revolucionário dos
livros, como eles fazem pensar e como tal fato pode entristecer as pessoas.
Por medo ou até mesmo por preguiça de entrar em conflitos, vamos calando muitas
duras verdades em nosso peito. Vamos aceitando o inaceitável, perdoando
crueldades disfarçadas de brincadeiras, absorvendo críticas injustas,
incorporando o papel de vítima quando somos muito maltratados pela vida.
Aceitamos os personagens que nos dão e
começamos a viver uma vida que não é a nossa. Calamos no fundo do peito um eu
que muitas vezes nem sabemos que existe.
De repente, do nada, um imprevisto, uma
palavra mal colocada, uma situação limite nos faz trombar conosco mesmo, com
aquele eu escondido. E de nossa boca começa a jorrar palavras ácidas com gosto
de suco gástrico e mágoas antigas. Ofendemos pesadamente quem mais amamos.
Ofendemos a nós mesmos.
Não devemos calar palavras no peito. Não devemos permitir que elas virem mágoas
mumificadas que um dia sairão de nós causando estragos homéricos.
É importante conversar sempre, por em
debate saudável e cordial o que nos incomoda. O que não verbalizamos vira lixo
emocional e um dia vem à tona com força total, completamente desgovernado.
É importante convidar a quem amamos para
boas conversas francas e calmas. Não se discute relação apenas com
namorado/namorada, marido/esposa. Discute-se relação com amigos , com parentes,
com as pessoas importantes que fazem parte da nossa vida.
Acumular lixo emocional prejudica a
saúde mental e às vezes até a física, em casos de somatização. A palavra presa
no peito pode virar gastrite nervosa, perda de apetite, excesso de apetite,
pode virar apatia.
Acumular lixo emocional deteriora as nossas
relações, tira a qualidade de vida, nos faz nos perder de nós mesmos, cria
muros invisíveis. Às vezes nos sentimos travados em relação a um ente querido e
nem sabemos o porquê. Acumulamos tantas palavras no peito que chega um momento
em que nem sabemos mais por que aquela relação se perdeu, esfriou, se encheu de
lacunas e silêncios incômodos.
Por mais doloroso e cansativo que seja
debater os conflitos, este exercício é necessário. É um tratamento preventivo
para muitos males da alma. Não segure palavras no peito. Elas apodrecem o
melhor das suas emoções e sentimentos. Elas apodrecem você mesmo.
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SOBRE O AUTOR
Silvia
Marques -
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Viciada em café, chocolate, vinho barato, filmes bizarros e pessoas profundas.
Escritora compulsiva, atriz por vício, professora com alma de estudante. O
mundo é o meu palco e minha sala de aula , meu laboratório maluco. Degusto
novos conhecimentos e degluto vinhos que me deixam insuportavelmente lúcida.
Apaixonada por artes em geral, filosofia , psicanálise e tudo que faz a pele da
alma se rasgar. Doutora em Comunicação e Semiótica e autora de 7 livros. Entre
eles estão "Como fazer uma tese?" ( Editora Avercamp) , "O
cinema da paixão: Cultura espanhola nas telas" e "Sociologia da
Educação" ( Editora LTC) indicado ao prêmio Jabuti 2013.
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