sábado, 31 de dezembro de 2022

Perspectivas Divina

Atravessando o umbral do ano novo nessa hora, olhamos para adiante e, o que é que vemos? Ainda que pudéssemos conseguir um telescópio que nos permitisse ver o fim do ano, teríamos sabedoria para usá-lo? Não creio. Desconhecemos os eventos que nos esperam – a vida e a morte, nossa ou de nossos amigos, as mudanças de posição, a enfermidade ou a saúde. Que grande misericórdia é que essas coisas estejam ocultas para nós!

Se víssemos antecipadamente nossas mais seletas bênçãos, essas perderiam seu frescor e sua doçura, enquanto estivéssemos as aguardando impacientemente. A antecipação se tornaria amarga, se converteria em desânimo, e a familiaridade geraria desdém. Se pudéssemos ver antecipadamente nossas tribulações, nos preocuparíamos por elas muito antes que efetivamente viessem, e nesse desassossego perderíamos o desfrute de nossas bênçãos presentes. A grande misericórdia estendeu um véu entre nós e o futuro, e o deixou dependurado lá.

Não obstante, nem tudo está oculto. Vemos com claridade algumas coisas. Digo: ‘nós’, porem, quero dizer aqueles cujos olhos foram abertos, pois não é qualquer pessoa que pode ver, no sentido mais verdadeiro. Uma dama disse ao Sr. Turner: ‘Olhei com frequência esse panorama, mas nunca vi o que você incorporou em seu quadro’. O grande artista simplesmente lhe respondeu: ‘Não desejaria poder vê-lo?’ Olhando ao futuro com o olho da fé, os crentes podem ver muitas coisas que estão ocultas para os que não possuem fé.

Charles Spurgeon - Perspectivas Divinas