Atravessando o umbral do ano novo nessa hora, olhamos para
adiante e, o que é que vemos? Ainda que pudéssemos conseguir um telescópio que
nos permitisse ver o fim do ano, teríamos sabedoria para usá-lo? Não creio.
Desconhecemos os eventos que nos esperam – a vida e a morte, nossa ou de nossos
amigos, as mudanças de posição, a enfermidade ou a saúde. Que grande
misericórdia é que essas coisas estejam ocultas para nós!
Se víssemos antecipadamente nossas mais seletas bênçãos,
essas perderiam seu frescor e sua doçura, enquanto estivéssemos as aguardando
impacientemente. A antecipação se tornaria amarga, se converteria em desânimo,
e a familiaridade geraria desdém. Se pudéssemos ver antecipadamente nossas
tribulações, nos preocuparíamos por elas muito antes que efetivamente viessem,
e nesse desassossego perderíamos o desfrute de nossas bênçãos presentes. A
grande misericórdia estendeu um véu entre nós e o futuro, e o deixou
dependurado lá.
Não obstante, nem tudo está oculto. Vemos com claridade
algumas coisas. Digo: ‘nós’, porem, quero dizer aqueles cujos olhos foram
abertos, pois não é qualquer pessoa que pode ver, no sentido mais verdadeiro.
Uma dama disse ao Sr. Turner: ‘Olhei com frequência esse panorama, mas nunca vi
o que você incorporou em seu quadro’. O grande artista simplesmente lhe
respondeu: ‘Não desejaria poder vê-lo?’ Olhando ao futuro com o olho da fé, os
crentes podem ver muitas coisas que estão ocultas para os que não possuem fé.
Charles Spurgeon - Perspectivas Divinas
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